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Educação de qualidade no Brasil: do discurso à ação real

6 e 7 anos (Alfabetização)

A busca por uma educação de qualidade no Brasil é um tema que toca o coração de quem vive o dia a dia na escola. Esse é um assunto que realmente mexe com a gente! Afinal, como professores, pais ou cidadãos, todos queremos um ensino capaz de transformar vidas.

Mas, afinal, o que significa ter uma educação de qualidade de verdade? E por que o Brasil ainda está tão longe de alcançá-la, especialmente quando falamos em alfabetização?

Vamos mergulhar juntos nesse tema, trazendo dados importantes e refletindo sobre como as evidências científicas podem (e devem!) ser nosso guia para transformar esse cenário. Preparado? Então vem comigo!

O que é Educação de Qualidade?

Um Ensino que Vai Além da Sala de Aula

Quando falamos em educação de qualidade, não estamos falando apenas de escolas cheias ou crianças sentadas em silêncio nas carteiras. É muito mais do que isso! Segundo a ONU, no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4)1, uma educação de qualidade é aquela que garante um aprendizado real – inclusivo, equitativo e que prepara os alunos para a vida, com habilidades para o trabalho, a cidadania e os desafios do mundo atual.

No Brasil, isso significa oferecer um ensino que de fato ensine, que forme cidadãos conscientes e que ajude a combater as desigualdades.

Mas alcançar esse ideal não é tarefa simples. Uma educação de qualidade exige professores bem formados, escolas com boa estrutura, currículos consistentes e, principalmente, práticas que realmente funcionem. E é aí que entram as evidências científicas – pesquisas sérias, feitas com rigor, que mostram o que dá certo, de verdade, dentro da sala de aula.

Por que as Evidências Científicas São Tão Importantes?

Sabe aquele ditado “não se mexe em time que está ganhando”? Pois é. Na educação, primeiro precisamos saber qual é o time que realmente ganha. E isso só é possível com base em evidências científicas.

Estudos da neurociência cognitiva e da psicologia educacional mostram que a aprendizagem da leitura e escrita deve seguir estratégias estruturadas – como a instrução fônica, que ensina de forma explícita e sistemática a relação entre fonemas e grafemas (DEHAENE, 2012)2.

Por outro lado, a abordagem do ensino global, que tenta ensinar as crianças a reconhecer palavras inteiras sem foco nos sons que as compõem, tem se mostrado menos eficaz a longo prazo. Isso porque ela não desenvolve, de maneira consistente, as habilidades de decodificação que são fundamentais para formar leitores fluentes (DEHAENE, 2012).

Nada de achismos ou modas pedagógicas – o que realmente funciona é o que a ciência comprova.

A Realidade da Educação no Brasil: Estamos Longe do Ideal

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O que os Números Dizem?

Vamos ser sinceros: o Brasil está longe de oferecer uma educação de qualidade para todos. De acordo com os dados mais recentes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), referentes ao ano de 2023, 50,7% das crianças terminam o 2º ano do Ensino Fundamental sem adquirir as habilidades de leitura (INEP)3.

José Morais, autoridade no assunto de alfabetização, relata em seu livro Como Criar Leitores4 que, ao final do 1º ano do Ensino Fundamental, na realidade da língua portuguesa, as crianças têm plena capacidade para estar lendo.

O Brasil no PISA: Um Alerta Internacional

No PISA 20225, da OCDE, o Brasil ficou em posições bem baixas: 65º em Matemática, 52º em Leitura e 62º em Ciências, entre 81 países. Para você ter uma ideia, 73% dos alunos brasileiros não alcançaram o nível mínimo de proficiência em Matemática, 50% têm dificuldades em leitura e interpretação, e 55% não atingiram o básico em Ciências. Esses números mostram que a educação de qualidade ainda é um sonho distante para muitos estudantes.

O Calcanhar de Aquiles: A Alfabetização no Brasil

Por que a Alfabetização é Tão Crítica?

A alfabetização representa um marco essencial no processo de desenvolvimento cognitivo infantil. Pesquisas apontam que, quando realizada de maneira eficaz, ela contribui significativamente para o aprimoramento de diversas capacidades mentais. Entre essas habilidades estão a memória verbal e visual, as funções executivas, a consciência fonológica, além das competências visuomotoras e visuoespaciais (FRAGOSO, 2019)6.

Para Dehaene (2012) saber ler vai além de simplesmente decodificar palavras, essa habilidade amplia o acesso ao conhecimento e fortalece o pensamento crítico. Crianças que desenvolvem a leitura com mais fluência tendem a ter mais facilidade para entender conteúdos de outras áreas, como matemática e ciências. Isso porque a leitura estimula diferentes regiões do cérebro, favorecendo a assimilação e integração de novas informações de forma mais eficiente.

Vale também falar sobre o chamado “Efeito Mateus” (Seabra et al., 2022)7, que nos ajuda a entender por que algumas crianças avançam mais rapidamente na escola enquanto outras enfrentam cada vez mais obstáculos. Esse efeito mostra que pequenas vantagens no início da aprendizagem tendem a crescer com o tempo. Ou seja, crianças que começam a escolarização com uma base mais firme geralmente conseguem acompanhar melhor os novos conteúdos e seguir em frente com mais segurança. Já aquelas que têm dificuldades nos primeiros anos podem acabar ficando para trás — não por falta de potencial, mas porque os desafios se acumulam.

Isso acontece porque aprender é um processo em que uma habilidade se apoia na outra. Quem já compreende bem os primeiros passos tem mais facilidade para entender o que vem depois. Por outro lado, quando a base está frágil, a criança pode sentir que está sempre correndo atrás, o que impacta não só o aprendizado, mas também sua confiança e vontade de aprender. Isso acontece no processo de alfabetização.

E para que essa alfabetização realmente faça a diferença na vida das crianças, ela precisa ser baseada em evidências científicas. Só assim garantimos que os métodos utilizados sejam eficazes e promovam uma educação de qualidade para todos.

Professores: Heróis em Busca de Soluções

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Nós, professores, somos a linha de frente da educação. Mas, para oferecer uma educação de qualidade, precisamos rever o que aprendemos na formação inicial e buscar, muitas vezes por conta própria, as últimas evidências científicas. Infelizmente, não dá para esperar que o governo ou as secretarias de educação ofereçam formações continuadas baseadas em ciência.

Conclusão: Um Chamado para a Mudança

O Brasil está longe de ter uma educação de qualidade, especialmente porque nossa alfabetização ainda não abraçou as evidências científicas. Nós, professores, temos um papel fundamental nesse cenário. Precisamos nos reinventar, buscar conhecimento por conta própria e pressionar por mudanças. Não dá para esperar que o Estado resolva tudo – embora ele tenha a obrigação de apoiar. Com práticas baseadas em ciência, investimento em infraestrutura e valorização docente, podemos construir um futuro onde todas as crianças tenham acesso a um ensino que realmente transforme.

Que comece por nós! Vamos juntos? Grande abraço!

Para aprofundar sua leitura sobre os relatórios e documentos que fundamentam a alfabetização baseada em evidências, clique aqui e confira o artigo que escrevi especialmente sobre esse tema!

Referências

  1. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. ODS 4: Educação de qualidade. [s.l.]: Nações Unidas Brasil, [s.d.]. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/4. Acesso em: 6 jun. 2025. ↩︎
  2. DEHAENE, Stanislas. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre. Penso. 2012. ↩︎
  3. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (Inep). Resultados Saeb 2023: microdados e avaliação da alfabetização. Brasília: Inep, 2025. Disponível em: https://static.poder360.com.br/2025/04/apresentacao_saeb_2023_3abr2025-inep.pdf. Acesso em: 6 jun. 2025. ↩︎
  4. MORAIS, J. Criar leitores: para professores e educadores. São Paulo: Manole, 2013. ↩︎
  5. ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OECD). PISA 2022 results (Volume I and II) – Country notes: Brazil. Paris: OECD, 2023. Disponível em: https://www.oecd.org/en/publications/pisa-2022-results-volume-i-and-ii-country-notes_ed6fbcc5-en/brazil_61690648-en.html. Acesso em: 6 jun. 2025. ↩︎
  6. FRAGOSO, Analice Oliveira. Desempenho cognitivo e impacto da alfabetização fônica no contexto de educação de jovens e adultos na cidade de São Paulo. 2019. 134 f. Tese (Doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2019. ↩︎
  7. SEABRA, Alessandra Gotuzo; MATOS, Lilian Meibach Brandoles de; MOTA, Ivan Zanetti; TAFLA, Lidiane Leite Tally Lichtensztejn; BRUNONI, Décio; CARREIRO, Luiz Renato Rodrigues; TEIXEIRA, Maria Cristina Triguero Veloz. Escrita em alunos com dificuldades de aprendizagem: Efeito Mateus. Revista  da Associação Brasileira de Psicopedagogia, São Paulo, v. 39, n. 120, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.51207/2179-4057.20220030. ↩︎

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