O método fônico é uma forma de ensino da leitura e escrita que se baseia na correspondência entre letras e sons. Embora seja amplamente reconhecido por sua eficácia, ainda existem muitos mitos e crenças equivocadas em relação a ele. No entanto, é importante esclarecer esses pontos para garantir que educadores e pais adotem estratégias baseadas em evidências para o desenvolvimento da alfabetização.
Neste artigo, vamos desconstruir alguns dos mitos mais comuns sobre o método fônico, apresentar as evidências científicas que comprovam sua eficácia, discutir os desafios que enfrentamos no nosso país e as etapas necessárias para implementar o método com sucesso na alfabetização infantil.
O que é a concepção fônica?
A concepção fônica, no contexto da alfabetização, refere-se à ideia central de que a aprendizagem da leitura e da escrita deve se basear na relação entre os sons (fonemas) e as letras (grafemas). Ou seja, é a compreensão de que, para ler e escrever de forma eficaz, é necessário entender como os sons das palavras estão representados pelas letras e como essas letras se combinam para formar palavras e frases (SARGIANI, et al., 2022)
A concepção fônica envolve a ideia de que as crianças devem ser ensinadas a identificar os fonemas, que são os menores sons da fala, e a associá-los corretamente às suas representações gráficas (letras ou combinações de letras). Esse processo facilita a decodificação de palavras, ou seja, a capacidade de ler uma palavra a partir de seus componentes sonoros.
Essa concepção, baseada na ciência cognitiva da leitura, enfatiza a importância do ensino explicito e sistemático dos fonemas e grafemas, com o objetivo de ajudar as crianças a dominar a leitura e a escrita de maneira lógica e progressiva. Além disso, essa abordagem defende que, ao aprender a combinar sons e letras, as crianças desenvolvem a habilidade de escrever e ler de forma mais fluente, o que se reflete na compreensão textual.
Em resumo, a concepção fônica é um princípio fundamental no processo de alfabetização, sustentado pela ideia de que o ensino deve focar na relação entre sons e letras, tendo em vista que nosso sistema é alfabético, garantindo que as crianças possam ler e escrever com mais facilidade, precisão e compreensão.
Os Mitos Comuns sobre o Método Fônico
Existem muitas crenças equivocadas sobre o método fônico, que geram resistência entre educadores e pais. Vamos começar desmistificando alguns dos mitos mais comuns.
Mito 1: O Método Fônico é Difícil de Aplicar nas Salas de Aula
Um dos mitos mais recorrentes sobre o método fônico é a ideia de que ele é difícil de aplicar, principalmente em turmas grandes ou com crianças de idades variadas. No entanto, isso não é verdade. O método fônico é altamente estruturado, ou seja, ele é sistemático, e pode ser adaptado de acordo com as necessidades da turma.
Por exemplo, ao ensinar o som que as letras representam, partimos dos sons mais fáceis de pronunciar e, à medida que as crianças aprendem, ensinamos os sons mais complexos. Trata-se de uma sequência de ensino que respeita a criança e progride conforme ela vai aprendendo, sempre do mais simples para o mais difícil.
O importante é tornar a prática envolvente e acessível a todos os alunos, independentemente da sua habilidade inicial. Ao seguir um planejamento estruturado e progressivo, o método pode ser facilmente implementado em qualquer ambiente de sala de aula.
Vou citar algo que aconteceu comigo: no mês de setembro, assumi uma sala do 1º ano do ensino fundamental. A escola estava localizada em um bairro carente da cidade de Santos, e, ao utilizar o método fônico, seguindo um ensino sistemático e explícito, no mês de dezembro quase todos os alunos estavam no nível ‘alfabético’, segundo a teoria da psicogênese da língua escrita. Citei o nível da escrita porque, na minha cidade, trabalha-se com a abordagem socioconstrutivista. No entanto, essa abordagem não está de acordo com a ciência cognitiva da Leitura.
Os alunos que não chegaram ao nível alfabético não o fizeram devido ao excesso de faltas.
Mito 2: O Método Fônico Só Funciona para Crianças de 6 Anos ou Mais
Outro mito bastante comum é que o método fônico só pode ser utilizado com crianças mais velhas, que já possuem algum conhecimento sobre as letras. Na verdade, o método fônico pode e deve ser introduzido desde os primeiros anos da educação infantil. Crianças de 4 ou 5 anos podem começar a desenvolver habilidades preditoras da alfabetização, ou seja, as competências necessárias para que a leitura e a escrita aconteçam, tudo de maneira lúdica e gradual. Nessa fase, um dos objetivos do método fônico é promover o ensino da consciência fonológica, ou seja, ensinar a criança a perceber, identificar e manipular os sons da língua, como rimas, aliterações, palavras, sílabas e fonemas (SEABRA e DIAS, 2011).
Essa instrução precoce ao método fônico cria uma base sólida para a alfabetização, facilitando o aprendizado da leitura e escrita.
Mito 3: O Método Fônico Não Funciona para Crianças com Dificuldades de Aprendizagem
Muitas pessoas acreditam que o método fônico não é eficaz para crianças com dificuldades de aprendizagem ou transtornos, como, por exemplo, a dislexia. No entanto, isso está longe de ser verdade. O método fônico é especialmente eficaz para crianças com dificuldades de decodificação, porque ele oferece uma abordagem estruturada que foca na identificação dos sons e na correspondência com as letras. Para uma criança com dislexia, o processo de aprender a associar fonemas a grafemas de maneira repetitiva e sistemática pode ser extremamente útil. Um exemplo prático seria usar materiais concretos para representar as palavras, sílabas, letras e fonemas.
Estudos de Seabra e Dias (2011) e Cunha e Capellini (2011) destacam a importância da instrução fônica para crianças com dislexia. Nas referências, estão detalhados os nomes dos artigos caso você deseje se aprofundar no assunto.
Mito 4: O Método Fônico Não Encoraja a Compreensão de Textos
Outro mito que persiste sobre o método fônico é a ideia de que ele foca apenas na decodificação das palavras, sem promover a compreensão dos textos. No entanto, o método fônico não é uma abordagem isolada; ele é parte de um processo mais amplo de alfabetização.
Ao ensinar as crianças a decodificar palavras, o método fônico contribui para a construção de uma base sólida para a futura compreensão de textos. Por exemplo, ao trabalhar as habilidades de consciência fonológica, utilizam-se canções, trava-línguas, poesias e leituras de livros infantis, tudo de maneira contextualizada, para explorar, ensinar a estrutura da nossa língua e ampliar o vocabulário, este essencial para a compreensão.
Após o aprendizado sólido do princípio alfabético e da consciência fonêmica, a criança progride para a leitura fluente e, consequentemente, para a compreensão de textos. Como afirma Jeanne Chall: “Primeiro se aprende a ler, para depois ler para aprender.”
Não podemos inverter essa ordem. Para que a criança alcance a compreensão, ela precisa desenvolver uma decodificação rápida e uma leitura fluente.
Mito 5: O Método Fônico é Monótono e Não é Divertido

Por último, muitos pais e educadores acreditam que o método fônico é monótono e desinteressante para as crianças. No entanto, o método fônico pode ser extremamente divertido e envolvente, especialmente quando é combinado com atividades lúdicas e criativas.
Eu, Ariane, costumo dizer que existem ‘métodos fônicos’. Alguns podem ensinar de maneira tradicional, utilizando poucos recursos, ou seja, com um ensino realmente desestimulante. Por outro lado, educadores que utilizam um método multissensorial empregam diferentes ferramentas para o ensino, tornando-o mais estimulante para as crianças.
Nas minhas aulas, trabalho com muita música, adivinhas e práticas que envolvem os diferentes sentidos, de modo a ativar diversas vias sensoriais, o que contribui significativamente para a melhoria do aprendizado.
Por exemplo, podemos usar músicas, jogos e até dramatizações para tornar o ensino dos fonemas mais dinâmico. Uma atividade simples seria pedir para as crianças formarem palavras com blocos de letras enquanto cantam uma música sobre os sons das letras, ou apresentar a forma da boquinha do som de cada letra. Outra ideia é usar desenhos animados, personagens preferidos ou jogos interativos que ensinem as crianças a reconhecer fonemas de forma divertida. Essas atividades tornam o aprendizado mais prazeroso, mantendo as crianças motivadas e engajadas no processo de alfabetização.
Tudo dependerá da maneira como se ensina.
Evidências Científicas que Comprovam a Eficiência do Método Fônico
Agora que desmistificamos alguns mitos, é hora de apresentar as evidências científicas que comprovam a eficácia do método fônico na alfabetização.
O Método Fônico é Baseado na Ciência Cognitiva da Leitura
A neurociência tem mostrado que a aprendizagem da leitura é facilitada quando as crianças entendem a relação entre fonemas e grafemas. Pesquisas indicam que, ao aprender a associar sons com letras, o cérebro ativa áreas responsáveis pela decodificação da linguagem escrita. Isso facilita o processo de leitura e acelera o aprendizado de novas palavras (DEHAENE, 2012).
O Método Fônico e os Relatórios Internacionais (NRP e NELP)
O método fônico tem sido amplamente discutido em estudos acadêmicos e relatórios internacionais como uma das abordagens mais eficazes para o ensino da leitura e escrita. Dois relatórios de grande importância nesse contexto são o National Reading Panel (NRP), publicado nos Estados Unidos, e o National Early Literacy Panel (NELP), que também explora questões relacionadas ao desenvolvimento da alfabetização na infância. Ambos os relatórios reconhecem a eficácia do método fônico como uma estratégia essencial para o aprendizado da leitura, destacando sua relevância na construção de habilidades de decodificação e fluência na leitura.
O NRP, publicado em 2000, foi uma revisão de pesquisas científicas que buscou identificar os métodos mais eficazes de ensino da leitura. O painel chegou à conclusão de que o ensino explícito dos sons das letras, como proposto pelo método fônico, era fundamental para a construção de habilidades de leitura em crianças, especialmente na fase inicial da alfabetização.
Segundo o NRP, ensinar as crianças a reconhecer e a conectar fonemas (os sons) a grafemas (as letras) de maneira sistemática e estruturada é um dos pilares para o desenvolvimento de habilidades de leitura eficientes. O relatório enfatiza que, ao aprenderem essa correspondência, as crianças se tornam mais aptas a decodificar palavras e, consequentemente, a melhorar sua fluência na leitura.
O NELP, publicado em 2009, também reforça a importância do método fônico no desenvolvimento da alfabetização. Este relatório focou no desenvolvimento precoce da literacia e destacou que as crianças que recebem instrução fônica sólida desde os primeiros anos de vida têm maior chance de adquirir habilidades de leitura e escrita com mais facilidade.
O NELP concluiu que, além de ser eficaz no fortalecimento das habilidades de decodificação, o método fônico também pode ajudar as crianças a desenvolverem uma melhor compreensão das palavras e a integrar melhor o conhecimento fonológico à leitura. Assim como o NRP, o NELP reafirma que a prática constante do ensino dos sons e das letras deve ser parte integrante do currículo escolar desde os primeiros estágios da educação infantil.
Ambos os relatórios fornecem uma base sólida para a implementação do método fônico nas escolas e sugerem que esse método deve ser integrado de forma consistente e abrangente nos currículos de alfabetização. Eles destacam que, ao utilizar o método fônico, os educadores não apenas melhoram a capacidade das crianças de ler palavras de forma precisa, mas também fortalecem seu entendimento geral da linguagem escrita, o que é fundamental para o desenvolvimento da compreensão de textos mais complexos à medida que avançam no processo educacional.
Portanto, os relatórios NRP e NELP oferecem um suporte substancial à adoção do método fônico no ensino da leitura e escrita, ressaltando sua eficácia como ferramenta essencial no desenvolvimento da alfabetização. As conclusões de ambos os estudos apontam para a necessidade de uma abordagem pedagógica que combine o ensino explícito dos sons das letras com práticas educativas que favoreçam a compreensão e a fluência na leitura, proporcionando uma base sólida para o aprendizado da escrita e da leitura em todas as faixas etárias.
Método Fônico e os Relatórios Nacionais (RENABE e Academia Brasileira de Ciências)
No Brasil, também é possível observar a crescente valorização dessa metodologia, com o apoio de importantes relatórios nacionais, como o Relatório Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (RENABE) e o estudo “Aprendizagem Infantil: Uma abordagem da neurociência, economia e psicologia cognitiva” da Academia Brasileira de Ciências. Os relatórios reforçam a importância do método fônico no processo de alfabetização, especialmente no que tange à compreensão dos mecanismos neurológicos, cognitivos e econômicos envolvidos na aprendizagem infantil.
O RENABE, por exemplo, destaca que o ensino baseado em evidências científicas é fundamental para o avanço da alfabetização no Brasil. A partir da análise de diversas pesquisas, o relatório conclui que o método fônico, ao focar na relação entre fonemas e grafemas, contribui significativamente para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita das crianças, especialmente nas fases iniciais da alfabetização.
O relatório ressalta que o ensino explícito das correspondências entre sons e letras facilita a decodificação de palavras, uma habilidade crucial para a fluência na leitura e compreensão textual. Além disso, a metodologia fônica é indicada como uma ferramenta eficaz para alunos com dificuldades de aprendizagem, como dislexia, uma vez que ela oferece uma abordagem sistemática e estruturada, proporcionando aos estudantes as condições necessárias para o sucesso no processo de alfabetização.
Por sua vez, o estudo “Aprendizagem Infantil: Uma abordagem da neurociência, economia e psicologia cognitiva”, publicado pela Academia Brasileira de Ciências, aprofunda-se nas dimensões cognitivas e neurológicas da aprendizagem infantil, mostrando que o método fônico está alinhado com os princípios da neurociência. De acordo com a pesquisa, o cérebro humano possui uma capacidade única de processar sons e associações fonológicas, o que torna o método fônico uma estratégia particularmente eficaz para o ensino de leitura.
Ao estabelecer uma conexão clara entre os sons e as letras, o método fônico ativa as áreas do cérebro responsáveis pela decodificação da linguagem, promovendo um aprendizado mais eficiente e duradouro. Além disso, o estudo enfatiza que a aprendizagem fonológica é uma habilidade essencial que, uma vez dominada, facilita a aquisição de outras competências linguísticas, como a escrita e a compreensão de textos.
Em relação ao aspecto econômico, o relatório da Academia Brasileira de Ciências também aponta que o investimento em métodos de ensino baseados em evidências, como o fônico, pode gerar benefícios substanciais para o desenvolvimento educacional do país. A pesquisa sugere que, ao adotar estratégias mais eficazes na alfabetização, é possível reduzir a desigualdade educacional e promover um aprendizado mais equitativo, especialmente em regiões onde os índices de alfabetização ainda são baixos. Além disso, a melhoria da capacidade de leitura e escrita das crianças tem implicações diretas na aprendizagem de outras áreas do conhecimento, o que impacta positivamente o desempenho acadêmico geral e, a longo prazo, o desenvolvimento econômico e social.
Esses dois relatórios convergem para a ideia de que o método fônico, ao ser fundamentado em sólidos princípios científicos, oferece uma abordagem pedagógica eficaz e necessária para a alfabetização. A combinação das evidências apresentadas no RENABE e na pesquisa da Academia Brasileira de Ciências destaca o método fônico não apenas como uma estratégia eficiente para o desenvolvimento da leitura e escrita, mas também como uma ferramenta poderosa para a melhoria da qualidade educacional no Brasil. As conclusões de ambos os estudos sugerem que, ao priorizar métodos baseados em evidências, como o fônico, é possível proporcionar uma alfabetização mais sólida e duradoura para as crianças, o que terá efeitos positivos na educação e no bem-estar social do país.
Deixo a sugestão de uma entrevista realizada com James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, na qual ele destaca a importância dos investimentos na primeira infância. Se desejar ler, clique aqui!
Superando os Desafios do Método Fônico na Prática Educacional

Embora o método fônico seja comprovadamente eficaz, sua implementação pode ser desafiadora. A seguir, discutimos os dois principais desafios que enfrentamos em nosso país.
- Falta de Acesso e Formação Insuficiente
A implementação bem-sucedida do método fônico requer professores com conhecimento sólido sobre sua aplicação. Entretanto, grande parte das formações pedagógicas no Brasil ainda carece de uma abordagem prática e aprofundada sobre esse método. Muitos professores formados em faculdades de pedagogia têm contato limitado ou superficial com o método fônico, o que dificulta sua aplicação em sala de aula. Além disso, não é incomum que alguns professores universitários perpetuem equívocos sobre o método, afirmando que ele é mecânico ou que não favorece a compreensão, entre outros preconceitos.
Exemplo:
Imagine uma professora que deseja aplicar o método fônico, mas não sabe como ensinar a consciência fonológica de forma estruturada. Sem uma formação adequada, ela pode acabar adotando estratégias improvisadas, comprometendo os resultados esperados.
Minha prioridade neste site é fornecer informações baseadas em evidências, afastando-se de achismos, para que você, professor, possa transformar sua prática pedagógica e garantir a alfabetização efetiva de seus alunos.
Elaborei um ebook para que você pai/professor possa aplicar com suas crianças, se quiser baixar clique aqui
- Resistência Cultural e Metodológica
Outro desafio significativo é a resistência de alguns educadores e gestores escolares ao método fônico. Muitos professores foram formados com base na abordagem socioconstrutivista, que prioriza a compreensão global da leitura em detrimento do foco nas relações fonéticas. Essa resistência pode ser intensificada por preconceitos ou desconhecimento sobre os benefícios do método fônico.
Exemplo:
Gestores públicos ou de escolas particulares que tradicionalmente utilizam métodos globais, podem relutar em adotar o método fônico, mesmo diante de evidências de sua eficácia. Essa resistência cultural, combinada com a falta de apoio institucional, cria barreiras para a implementação de mudanças metodológicas.
Aplicando o Método Fônico com Sucesso na Alfabetização Infantil

Agora que compreendemos os mitos, as evidências científicas e os desafios, vamos explorar como aplicar o método fônico com sucesso na alfabetização infantil. Este passo a passo é valioso! Após muitas leituras e estudos aprofundados, consegui, de forma prática, elaborar este passo a passo.
Passo 1 – Pré-alfabetização – Habilidades Preditoras
Tudo começa na educação infantil, ou se a criança já estiver no ensino fundamental e não adquiriu essas habilidades é necessário desenvolvê-las. Quais são essas habilidades (BRASIL, 2019; NELP, 2009):
Conhecimento do alfabeto: entendimento dos nomes, das formas e dos sons das letras do alfabeto.
Consciência fonológica: competência que abrange a capacidade de identificar e manipular de maneira intencional elementos da linguagem falada, tais como palavras, sílabas, rimas e fonemas.
Nomeação automática rápida: capacidade de nomear de forma ágil uma sequência aleatória de letras ou números.
Nomeação automática rápida de objetos ou cores: capacidade de identificar rapidamente sequências de conjuntos de imagens que representam objetos (como carro, árvore, casa, homem) ou cores.
Escrita ou grafia do nome: habilidade de escrever, quando solicitado, letras isoladas ou o próprio nome.
Memória fonológica: capacidade de lembrar informações recebidas oralmente por um breve período.
Passo 2: Pré- alfabetização – Consolidação do Princípio Alfabético
O princípio alfabético é a compreensão de que há uma relação entre os sons da fala (fonemas) e as letras ou combinações de letras (grafemas) que os representam. Essa habilidade é fundamental para a leitura e a escrita, permitindo que a criança decodifique palavras e associe sons às letras de forma consciente.
A criança precisa olhar para as letras e automaticamente realizar o processo de decodificação, essa rápida habilidade irá favorecer a leitura das palavras na etapa a seguir.
Passo 3: Alfabetização: Junção das letras (vogais)
Ensinaremos que as letras quando estão juntas formam palavras.
A criança compreenderá que unindo as letras (decodificação grafofonêmica) elas formarão palavras e conseguirão realizar a leitura. Começamos o ensino pelos encontros vocálicos.
Passo 4: Ensino das sílabas
Nessa etapa, as crianças serão ensinadas a juntar os fonemas para formar as sílabas. Começamos pelas sílabas simples e depois as complexas. O foco aqui é ensinar que a junção dos fonemas formam as sílabas, e não a criança ficar memorizando “ba-be-bi-bo-bu.”
Escrevi um artigo sobre a ordem de apresentação dos sons das letras, que também servirá para o ensino da ordem das sílabas, clique aqui se deseja fazer a leitura.
Passo 5: Leitura de Palavras Simples
Quando a criança consolida e nomeia rapidamente as sílabas partiremos para a leitura de palavras com sons regulares.
Passo 6: Leitura de Frases
Após a leitura das palavras partimos para a leitura de pequenas frases.
Passo 7: Leitura de Textos
Textos que contêm palavras que podem ser decodificadas facilmente são ideais. A leitura repetida desses textos ajudará as crianças a se familiarizarem com os sons das palavras e a se tornarem leitores mais rápidos e eficientes.
Passo 8: Consolidação da Leitura
O segredo para a aplicação bem-sucedida do método fônico é a prática regular. Faça atividades de leitura todos os dias para que as crianças possam consolidar suas habilidades de decodificação.
Em breve, escreverei artigos detalhados sobre cada um desses passos.
CONCLUSÃO
O método fônico é uma abordagem eficaz para a alfabetização infantil, especialmente quando desmistificamos crenças equivocadas e aplicamos estratégias fundamentadas em evidências científicas. Ao superar os desafios e adaptar o método à realidade de cada sala de aula, é possível garantir que todas as crianças desenvolvam uma base sólida para a leitura e a escrita.
Se você é educador ou responsável pela educação infantil, adotar o método fônico pode ser a chave para o sucesso de muitos alunos.
Querido leitor, como eu gostaria de ter tido acesso a essas informações no início da minha carreira! São conhecimentos que, infelizmente, não são amplamente abordados nos cursos de pedagogia. Se não buscarmos por conta própria, dificilmente teremos acesso a essas informações valiosas, que são fundamentais para uma alfabetização eficaz.
Obrigada por estar aqui comigo! Ficarei muito feliz se você quiser compartilhar suas experiências, tanto em sala de aula quanto em casa. Um abraço!
Referências
BRASIL, PNA: política nacional de alfabetização. Brasília: MEC, 2019.
CUNHA, Vera Lucia Orlandi; CAPELLINI, Simone Aparecida. Habilidades metalinguísticas no processo de alfabetização de escolares com transtornos de aprendizagem. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 28, n. 85, p. 85-96, 2011.
DEHAENE, Stanislas. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre. Penso. 2012.
NATIONAL EARLY LITERACY PANEL. Developing Early Literacy: Report of the National Early Literacy Panel. A Scientific Synthesis of Early Literacy Development and Implications for Intervention. Washington: National Institute for Literacy, 2009.
NATIONAL READING PANEL. Teaching Children to Read: An Evidence-Based Assessment of the Scientific Research Literature on Reading and Its Implications for Reading Instruction. Rockville: NIH Publication, 2000.
SARGIANI, R. Alfabetização baseada em evidências: como a ciência cognitiva da leitura contribui para as práticas políticas educacionais de literacia. In: SARGIANI, R. Alfabetização baseada em evidências: da ciência à sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2022
SEABRA, Alessandra Gotuzo. DIAS, Natália Martins. Métodos de Alfabetização: Delimitação de Procedimentos e Considerações Para uma Prática Eficaz. Ver. Psicopedagogia 2011; 28 (87): 306-2-.